Descrição
«Charles Carpentier foi o Homem-Orquídea. Era um dândi. Primeiro campeão do mundo francês no boxe. Dele parte este livro para se falar Josephine Baker, de Almada Negreiros, de Picasso e de Garrincha, de Vladimir Nobokov e de Nijinski, de Jack Kerouac e de Chalana. E mais e mais. Todos tiveram uma coisa inevitavelmente em comum: viveram, sofreram e foram felizes. Biografias pequenas, muitas publicadas durante anos no jornal Sol e na coluna que lá continuo a escrever. Eu-biografias porque fui eu que escolhi o prisma pelas quais as quero ver. E o ritmo das palavras e da vida no momento em que Teresa Torga se despiu na avenida e Zeca Afonso a cantou com uma fotografia do meu velho companheiro António Capela, ou de quando Baptista Pereira atravessou a mancha a nado, ou aquela imagem definitiva na qual Ricardo Chibanga, um dos divinos negros, se baixou para fazer uma festa no focinho de um touro exangue.
Quis divertir-me e divertir quem lê. Mas o drama é outra das facetas que os homens e as mulheres repartem uns com os outros. Há alturas em que se torna impossível não mergulhar nas tristezas das personagens que escolhi para comporem este livro. Algumas delas talvez sejam tão obscuras, tão obnubiladas pelo tempo, que entrarão pela porta da vossa imaginação como uma nuvem que surgisse de repente no fundo de um céu completamente azul. O céu azul da nossa infinita imperfeição. Tal e qual aconteceu com Obdúlio Varela n’As Veias Abertas do Chefe Negro. A partir daqui já não é mais comigo: é convosco…»
Afonso de Melo
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