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L Segredo Las Antriteiras – Geografia Hagiológica Das Incertezas

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Sinopse

Introduzimos agora o conceito de “fazer estreitouras”, que, Amadeu Ferreira, cria no livro “Velhice” pela boca de um velho: “Do que eu preciso é de estreitouras que me mantenham a rodar sem deixar fugir o eixo. Tenho de fazer todos os dias estreitouras que me aguentem. Por vezes estou a fazer adornos num pauzinho, ou a desbagar feijão, ou a contar um conto, ou apenas a pensar e quem passa pergunta-me: “O que está a fazer?” A minha resposta é sempre a mesma: “Estreitouras”. As pessoas encolhem os ombros e ouço-as pensar: “Coitado, já não bate bem!” Ninguém entende esta coisa tão simples: quando a vida já não nos faz nascer estreitouras, então temos de ser nós a fazê-las. Quem não as tem e não as faz, não tarda a pendurar-se de uma viga. Ainda que o não faça.” Estreitouras, são peças fundamentais de um carro de bois. São as estreitouras que mantêm o eixo do carro a rodar como deve ser. Alegoricamente, no velho calendário tradicional dos santos, “a geografia hagiológica das incertezas” é o trabalho que todos os dias vamos desenvolvendo, que embora nos possa parecer algo errático e incerto, nos esculpe e realiza enquanto pessoas. “Os trabalhos e os dias” é o título de um poema épico de Hesíodo, dedicado ao irmão. Este autor é o mais antigo “poeta artesão” conhecido na Grécia Antiga, portanto o primeiro poeta europeu. Trata os temas do trabalho honesto e da justiça, deixa conselhos práticos sobre o amanho diário da terra e vários conceitos morais. A obra inclui a narrativa de Prometeu e o mito de Pandora, que serviram de mote de inspiração a muitas gerações de artistas pintores.
Parafraseando Pepe Mujica: a vida não pode ser apenas trabalho, é necessário deixar um capítulo para a loucura. Somos libres quando gastamos tempo em coisas que nos motivam. Cada um deve ter uma causa, uma paixão. É preciso ter uma filosofia de vida, mas a filosofia não está na moda por não cobrarmos dinheiro por ela. Há infelicidade e pobreza no mundo: de pão, de alma. O problema é: em que gastas o tempo da tua vida, em que gastas o milagre de teres nascido? Se não te dás conta, o mercado vai-se encarregar de fazer isso por ti e andarás, toda a vida, a pagar contas e a comprar coisas, até que sejas um velho destruído, porque aprendeste tarde que nada se compra com dinheiro, tudo se compra com o tempo de vida que gastaste para conseguir esse dinheiro. O problema é que o tempo da vida não se repõe, a vida é uma aventura. Por isso nós fazemos estreitouras com as cores da luz do Planalto Mirandês e com palavras mirandesas que inevitavelmente se nos encarreiram alma adiante.
Este não é, portanto, um trabalho totalmente coordenado entre nós os dois: ao longo de doze anos, doze meses por ano, daí os doze capítulos, cada um, escreveu e pintou o que lhe apeteceu e é neste livro, que lhe damos organização interativa de parceria

Detalhes

ISBN 978 972 780 887 8
Editora Âncora Editora
Edição 1.ª edição - Julho de 2023
Páginas 352
Formato 22x22
EAN/Código 19042
Coleção
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Descrição

Introduzimos agora o conceito de “fazer estreitouras”, que, Amadeu Ferreira, cria no livro “Velhice” pela boca de um velho: “Do que eu preciso é de estreitouras que me mantenham a rodar sem deixar fugir o eixo. Tenho de fazer todos os dias estreitouras que me aguentem. Por vezes estou a fazer adornos num pauzinho, ou a desbagar feijão, ou a contar um conto, ou apenas a pensar e quem passa pergunta-me: “O que está a fazer?” A minha resposta é sempre a mesma: “Estreitouras”. As pessoas encolhem os ombros e ouço-as pensar: “Coitado, já não bate bem!” Ninguém entende esta coisa tão simples: quando a vida já não nos faz nascer estreitouras, então temos de ser nós a fazê-las. Quem não as tem e não as faz, não tarda a pendurar-se de uma viga. Ainda que o não faça.” Estreitouras, são peças fundamentais de um carro de bois. São as estreitouras que mantêm o eixo do carro a rodar como deve ser. Alegoricamente, no velho calendário tradicional dos santos, “a geografia hagiológica das incertezas” é o trabalho que todos os dias vamos desenvolvendo, que embora nos possa parecer algo errático e incerto, nos esculpe e realiza enquanto pessoas. “Os trabalhos e os dias” é o título de um poema épico de Hesíodo, dedicado ao irmão. Este autor é o mais antigo “poeta artesão” conhecido na Grécia Antiga, portanto o primeiro poeta europeu. Trata os temas do trabalho honesto e da justiça, deixa conselhos práticos sobre o amanho diário da terra e vários conceitos morais. A obra inclui a narrativa de Prometeu e o mito de Pandora, que serviram de mote de inspiração a muitas gerações de artistas pintores.
Parafraseando Pepe Mujica: a vida não pode ser apenas trabalho, é necessário deixar um capítulo para a loucura. Somos libres quando gastamos tempo em coisas que nos motivam. Cada um deve ter uma causa, uma paixão. É preciso ter uma filosofia de vida, mas a filosofia não está na moda por não cobrarmos dinheiro por ela. Há infelicidade e pobreza no mundo: de pão, de alma. O problema é: em que gastas o tempo da tua vida, em que gastas o milagre de teres nascido? Se não te dás conta, o mercado vai-se encarregar de fazer isso por ti e andarás, toda a vida, a pagar contas e a comprar coisas, até que sejas um velho destruído, porque aprendeste tarde que nada se compra com dinheiro, tudo se compra com o tempo de vida que gastaste para conseguir esse dinheiro. O problema é que o tempo da vida não se repõe, a vida é uma aventura. Por isso nós fazemos estreitouras com as cores da luz do Planalto Mirandês e com palavras mirandesas que inevitavelmente se nos encarreiram alma adiante.
Este não é, portanto, um trabalho totalmente coordenado entre nós os dois: ao longo de doze anos, doze meses por ano, daí os doze capítulos, cada um, escreveu e pintou o que lhe apeteceu e é neste livro, que lhe damos organização interativa de parceria

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