Citando o Prof. Dr. Manuel Cardoso, no lançamento da 1.ª edição, em Grijó, 2010: «Os livros biográficos têm, muitas vezes, um de dois defeitos ou os dois simultaneamente: o de transporem, para o passado dos visados, as nossas preocupações, polémicas e preconceitos e o de permitir que a imaginação de quem escreve faça afirmar, pela voz dos biografados ou na descrição dos factos vividos, mais do que os dados documentais permitiriam escrever. Não é o caso deste livro (...). Não é um livro que nos transponha para o passado: pelo contrário, faz o passado vir ter connosco, com tudo o que de saboroso isso possa ter e tem e com tudo o que de importante isso possa permitir e permite. E se põe a imaginação a cumprir o seu papel, é porque a coloca no plano e na perspectiva do leitor, que a faz voar para os sucessivos quadros em que se desenrola a acção, a de uma vida real e tangível, preenchidíssima e riquíssima vida, e a coloca ao serviço de uma reconstituição fiel das linhas dessa mesma vida, passo a passo, ideia a ideia. Minhas senhoras e meus senhores: estamos perante um grande livro! [...] São quase quatrocentas páginas de dados, de descrições e de inserções em contextos históricos, escritas com uma preocupação, académica e rigorosa, pela fundamentação das afirmações nele contidas. Só notas de rodapé são mais de oitocentas! Mas não se pense que são estes números que tornam o livro grande, nada disso. O que o torna grande é, antes de mais, o seu tema e é a forma como se encontra estudado e redigido para apresentação ao leitor. É um livro grande porque em todas as suas linhas se nota um sem número de escrúpulos: escrúpulos em dizer a verdade escrúpulos em não dizer nem de mais nem de menos escrúpulos em não ferir susceptibilidades e escrúpulos em não atraiçoar, por causa dos mesmos escrúpulos, a finalidade de uma biografia. Grande, porque não está escrito para bajular nem para agradar a gregos ou a troianos mas para testemunhar, para ser um instrumento de transmissão de conhecimento e de preservação da memória.» |